24 de out. de 2009

A escola das borboletas


Faz tempo que essa escola sofre maus tratos, abandono. Antes de conhecê-la tinha plena convicção que as pessoa que compõe aquela família eram tristes, melancólicas. Imaginava que por traz daquele muro alto, solitário daquela estrutura de concretos, areia e cimento estava um ambiente tétrico, terrificante, gelado, sem vida, sem respiração, asmático...

Um dia resolvi exorcizar os fantasmas do ilusionismo. Entrei nas dependências e conheci a realidade de perto. A escola das borboletas é super diversificada, os cômodos não são tétricos, mas o pouco ar que circula no ambiente nos deixa com o nariz repleto de coriza, com os olhos avermelhados devido à falta de ventilação. Os momentos em que estou presente na escola não me deixam apenas deslumbrada, nem totalmente indignada, sou invadida por inúmeras sensações que penetram avassaladoramente minhas concepções.

Meus olhos parecem uma luneta giratória. Esmiúço, esquartejo todos os espaços, sou uma qualificada detetive de Hollywood. Embora o bosque não seja tão encantado tenho o privilegio de conviver com muitas borboletas cuidadosas, algumas ainda permanecem no casulo com medo de voar, outras são ousadas, malandras, rebeldes, nervosas. As borboletas verdes borrifam suas flores constantemente, a ela não interessa se elas sejam cobertas de espinhos ou se suas pétalas são macias ou ríspidas. Pessimistas as borboletas pretas são cíclicas uma vez ou outra estão sempre com os mesmos discurso sobre seus jardins.

Colossal a borboleta lilás cuida de suas rosas de forma solícita, para ela seu jardim é um espaço trifásico. Ainda tem as borboletas alaranjadas como o pôr do sol que gostam de tripudiar sobre os vegetais, animais, sobre as flores, o beija-flor. Seu sentimento de superioridade é digno dos piores dos sentimentos. O bom mesmo, o trivial de tudo é contemplar a beleza das flores, das rosas, as gramas brotando com uma extensão de vida inigualável. Algumas flores vivem tristes, algumas rosas já não exalavam seus perfumes agrestes e seus espinhos espetam quem chega perto. Tenho a impressão que algumas borboletas não mais sobrevoam seus jardins nem pousa em suas flores. Alguns jardins não são mais felpudos, as borboletas responsáveis pela divulgação de sua magia não mais borrifava gotas de orvalhos em suas pétalas.

As estações em que a borboletas se reúnem para falarem das belezas e devastações de seus jardins são sempre muito sem graça, cada uma expressa sua liberdade de opinião , mas nenhuma é levada a sério pela a borboleta rainha que reina absoluta e intocável. Tem borboletas que fazem vôos espetaculares para mostrarem seus objetivos, suas dúvidas, seus problemas, nesse momento todas voam para ajudá-la mais nenhuma é capaz de compreende e solucionar seus problemas, porque no fundo estão todas centralizadas nas suas próprias asas e no embelezamento de seus jardins.


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